sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Pesquisa fortalecerá a implementação de barragem subterrânea

A Embrapa Solos e a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) apresentaram o projeto de Zoneamento de áreas potenciais para construção de barragem subterrânea em unidades agrícolas de base familiar no agreste e sertão de Alagoas. Participaram da oficina agricultores (as), técnicos, representantes da ASA Alagoas, coordenador e técnico do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da AP1MC, secretários de agricultura, professores do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) Campus Santana do Ipanema e de Piranhas, pesquisadores e outros convidados.
O zoneamento de barragem subterrânea será realizado durante o período de três anos, e conta com diversas parcerias, porém o apoio do Estado é fundamental para sua melhor execução. “Alagoas vai ter um instrumento de gestão que nenhum outro Estado dispõe. Vamos gerar e juntar conhecimento. Aqui vai ser a grande escola, e depois ampliaremos para outros Estados”, disse Manoel Neto da Embrapa.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Sonia Lopes “A indicação de ambientes potenciais para locação e construção de barragens subterrâneas, agrupando áreas relativamente homogêneas a partir dos indicadores ambientais de solo, geologia, clima e relevo, será relevante para o sucesso de alguns programas sociais de convivência com as secas”.
A barragem subterrânea é uma tecnologia social de captação de água de chuva, que é implementada também, através do P1+2 no Semiárido Brasileiro. “Eu tenho oito anos de barragem e minha família tem oito anos de felicidade”, disse o agricultor Edésio Alves Melo, residente na comunidade Bananeira em São José da Tapera-AL.
O zoneamento vai identificar, classificar e espacializar ambientes potenciais para construção de barragens. “Essa perspectiva de estudo é importante para ver os limites e impactos da barragem. Falar de barragem subterrânea é ver uma microbacia e um conjunto de outros elementos que são importantes para sua implementação”, disse o coordenador do P1+2 Antônio Barbosa.
A oficina para construção do conhecimento e avaliação da metodologia do projeto foi realizado no auditório da Emater em Santana do Ipanema-AL, no dia 25 de outubro de 2017. Os participantes acordaram o próximo encontro para o mês de fevereiro em 2018.
Elessandra Araújo

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Cdecma presente na comunidade Açude

Na assembleia da Associação da Comunidade Açude em Maravilha -Al, realizada no dia 22 de outubro, o Cdecma esteve presente para orientar sobre a eleição da nova diretoria e a minuta do estatuto da associação.
Na comunidade, observamos a resistência do povo para sobreviver distante das políticas públicas, e em áreas com processo de desertificação.
Elessandra Araújo

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Mulheres que produzem

As mulheres da Natucapri que acreditam na produção de qualidade e na inclusão social continuam produzindo sabonetes em barra, em líquido e hidratante. Elas fazem cosméticos artesanais à base de leite de cabra, que são medicinais e aromáticos. Os sabonetes de aroeira, juá, babosa, capim limão, camomila, maracujá, erva doce, canela, aveia e mel, entre outros, são de tamanhos e formatos diferentes. “Eu sou agricultora e divido o meu tempo na roça, em casa e na Natucapri. A Natucapri trouxe novas oportunidades, aprendizagem e autonomia, por isso considero a Natucapri uma esccola de vida”, disse Maria José dos Santos.
Desde 2006 que um grupo de mulheres, filhas de agricultores, iniciou a produção de sabonetes a base de leite de cabra na cidade de Maravilha-AL. Ao longo dos anos foram diversificando a fragrância e o formato. Os produtos já foram vendidos em feiras realizadas em municípios de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e enviado sobre encomendas para São Paulo.
Os sabonetes são bem aceitos e de qualidade, porém a produção e o número de mulheres que integram a Natucapri diminuíram, devido às dificuldades em expandir os produtos, uma vez que elas não conseguiram a regularização junto a ANVISA. “Uma das nossas maiores dificuldades é não dispor do registro da ANVISA, isso impede nossa participação em grandes feiras, em gerar renda para manter as despesas de quem trabalha, e comprar matéria prima para produzir, pois a matéria prima é cara”, disse Ana Patrícia Silva Alves.
No período de 2006 a 2015 as mulheres da Natucapri contaram com a consultoria técnica para capacitações e vendas, além da orientação do químico. Nessa consultoria existia a expectativa de obter o registro, mas até o momento elas não têm nenhuma informação da empresa responsável em apoiar a regularização.
“Em 2013 tivemos que pagar o valor de R$ 5 mil dividido em cinco parcelas para ajudar na consultoria. O pessoal que representava a empresa disse que a obtenção do selo da ANVISA seria um dos serviços, mas até agora não conseguimos nada. Só não fechamos a Natucapri, porque amamos esse trabalho, mas não dar para ganhar dinheiro nem para pagar as despesas e comprar matéria prima. Isso dificulta a permanência das mulheres para continuarem produzindo”, destacou Ana Patrícia Silva Alves.
Uma das pioneiras da Natucapri, Maria José, ressaltou: “as capacitações que recebemos da empresa nos ajudou em muita coisa, mas em relação ao selo não sabemos nem por onde começar para conseguir, e não temos nenhuma informação”.
A Natucapri poderia ser o espaço de aprendizagem, produção e inclusão social para envolver jovens filhas de agricultores, mas é necessário apoio técnico para o fortalecimento do empreendimento. O município apoia o grupo com o aluguel do espaço, a energia e a água, porém essas mulheres precisam também, de apoio técnico para obtenção do registro e a comercialização.
Elessandra Araújo

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Catingueiros em defesa da caatinga

No 3º Encontro dos catingueiros os participantes trocaram experiências sobre as potencialidades das plantas da caatinga, as estratégias para proteger o bioma e conservar os recursos naturais. Eles avaliaram o avanço do processo de desertificação no Semiárido alagoano e informaram que nos últimos cinco meses conseguiram plantar em suas propriedades 2.500 mudas de espécies nativas como leucena, aroeira, gliricídia, ubaia, umbuzeiro, cunhã, cedro, pereiro, araça, coco babaçu, craibeira, cactos, além do plantio de frutíferas.
Os catingueiros e as catingueiras residem na região do Agreste, Bacia Leiteira, Alto e Médio Sertão de Alagoas e os convidados da Microrregião da Mata Alagoana. Em suas áreas de atuação estão desenvolvendo e informando sobre práticas sustentáveis de conservação do uso do solo.
O agricultor Sebastião Damasceno, residente no Sítio Cabaceiro em Santana do Ipanema-AL, local onde foi realizado o encontro, no dia 7 de outubro disse: “Esse encontro tem um conteúdo muito importante devido o valor medicinal e a importância que a caatinga tem. Pensamos nas formas práticas de conviver com a natureza para que tenhamos uma vida mais saudável, águas mais sadia e nosso planeta mais sadio. Devemos multiplicar e ter um fermento de continuidade de ações nas nossas propriedades rurais, que ainda resta um pouquinho da caatinga e da biodiversidade”.
De acordo com Marcos Gomes do departamento de Meio Ambiente de Inhapi-AL “o encontro é essencial para sustentabilidade da agricultura familiar. A situação atual de desertificação e destruição dos recursos naturais é gritante. Em 70% dos municípios os solos estão erodidos sem matéria orgânica, sem fertilidade. Não se pode pensar agricultura sem solos férteis. O encontro dos catingueiros vai ao encontro do desenvolvimento sustentável da região. E precisamos da caatinga recuperada em forma de agroflorestal, para que essa fertilidade volte. Sem a conservação do solo, da vegetação, dos animais nós não conseguiremos sustentabilizar a agricultura familiar na região”.
O grupo fez roda de conversa e passeio no meio da caatinga. No processo de construção do conhecimento resgatou os encaminhamentos realizados no 1º e 2º Encontro, com análise para os avanços e novos encaminhamentos.
A agricultora Cícera Maria da Silva (popular Leda) da comunidade Retiro em Inhapi-AL falou: “Nesse encontro a gente resgata um pouco da nossa cultura do bioma caatinga. É importante trazer as outras companheiras para que elas se identifiquem mais com o bioma, porque ainda existe a historia de roçar o mato e queimar. Por isso é importante trazer mais companheiras e jovens para defender a caatinga”.
Os 26 participantes do encontro estão envolvidos nas práticas de conservação do ecossistema e preocupados com a saúde da população e a desertificação. A desertificação é fortalecida com o uso do agrotóxico, as queimadas, pouca cobertura vegetal, falta de manejo da caatinga.
“Esse encontro me traz esperança de que o Nordeste sobreviva, porque do jeito que a coisa estar daqui a uns trinta ou quarenta anos não vai ter mais sobrevivente nesse lugar. A caatinga é a subsistência do nosso sertão, sem isso não somos ninguém. Espero que cada pessoa saia com compromisso para mudar, lutar, buscar direitos nacional, internacional e gritar para o mundo o que está acontecendo no nosso sertão”, esclareceu o agricultor Jose Manoel do Assentamento Lameirão em Delmiro Gouveia - AL.
A dependência dos catingueiros (as) da caatinga faz com que eles promovam mudança de hábitos e costumes para a convivência no Semiárido, e planejem o 4º Encontro.
Elessandra Araújo

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Pela vida do Velho Chico

Integrantes da Articulação do Baixo São Francisco celebraram o dia de São Francisco e chamaram a atenção da população para a situação de degradação do Velho Chico. Em Propriá-SE a população ribeirinha fez caminhada nas ruas da cidade em louvor a São Francisco de Assis e em defesa do rio, que no dia 04 de outubro completou 516 anos de descoberta.
Na cidade de Penedo os pescadores e representantes de movimentos sociais realizaram um ATO com apresentações pela vida do rio São Francisco. A representante da ONG Movimento Ecológico Filhos do velho Chico - O Pirá, Benalva dos Santos Lima, destacou alguns impactos negativos na vida do rio e da população: “O rio está muito assoreado e a água está ficando salina em boa parte das cidades de Piaçabuçu, de Brejo Grande e parte da Ilha das Flores. Os pescadores já não vivem da pesca e o peixe está escasso. Estão pescando siri na região. Também as lanchas e balsas estão com dificuldade na navegação. Alguns pescadores não recebem o seguro defeso de 2016 e não estão sendo confeccionadas novas carteiras para pescadores”.
Para Divaneide Souza da Articulação do Baixo São Francisco o impacto no rio é devastador e implica na vida da população “Com a diminuição do volume de água do rio, a sobrevivência dos ribeirinhos que vivem da pesca se torna impossível”, disse.
Já o missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Zennus Dinys Feitosa dos Santos apontou outros impactos relacionados ao Velho Chico e a população indígena, a exemplo a obra do canal do sertão, que traz problemas socioambientais. “As comunidades indígenas sofrem impactos de forma direta, porque vivem próximo ao canal e as terras não foram demarcadas. E o rio também, com a obra do canal que é usada por políticos na indústria da seca. O canal é usado por pessoas para irrigação e sem acompanhamento técnico, causando salinização do solo que é muito pobre”.
Diante de tanta degradação causada ao Velho Chico e a população, as manifestações continuam. No próximo dia 7 de outubro a Associação Olha o Chico junto com artistas de Piaçabuçu realizará nas margens do rio o Sarau, onde está previsto a realização de um documentário.
Elessandra Araújo
Fotos: Everaldo Fernandes e Benalva Lima

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Celebração da vida no meio da caatinga

O 3º Encontro dos Catingueiros acontecerá no dia 07 de outubro na região do médio sertão. O momento tão esperado ocorrerá na propriedade do agricultor guardião das sementes crioulas, Sebastião Damasceno, localizada no Sítio Cabaceiro em Santana do Ipanema-AL. No local do encontro, a caatinga responde com muita beleza, e os participantes poderão ver a diversidade das plantas e a explosão do verde no sertão alagoano.
Será uma troca de conhecimento entre catingueiros e visitantes. Todos poderão dialogar sobre o potencial da caatinga, a agroecologia e discutir os encaminhamentos para Caravana Agroecológica e cultural. As caravanas são momentos preparatórios para o 4º Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que será realizado em maio de 2018 na cidade de Belo Horizonte - MG.
Os interessados em participar do encontro na caatinga podem falar com Floriano Damasceno pelo Whatsapp (82) 9 9992-1545 ou com Florisval Costa (82) 9 8140- 0954. Para custear as refeições com café, almoço e lanche todos os participantes pagará uma taxa no valor de R$ 30,00.
Com sentimento de alegria, nós caminhamos para celebração da vida e partilha do conhecimento no 3ª Encontro dos Caatingueiros.
Elessandra Araújo