sexta-feira, 28 de abril de 2017

Carta da ASA para a Greve Geral no dia 28 de abril

Foto Agnaldo Rocha
GREVE GERAL!!! Dia 28/04/17 o Brasil vai parar!
Vivemos um dos piores retrocessos da história democrática do país, com a retirada de direitos sociais conquistados com muita luta pelo povo brasileiro. As reformas da previdência, trabalhista, a terceirização e outras atentam contra a vida do povo mais pobre, fere os direitos constitucionais e empurra o Brasil para o declínio social, político e econômico. Corremos sério risco de voltarmos para o mapa da fome!
Os impactos dos retrocessos de direitos sociais, certamente, serão mais fortes na vida do povo do Semiárido. Aqui estamos passando pela maior seca dos últimos 100 anos, mas saímos de 1 milhão de mortos (principalmente de crianças e de idosos/as, nos anos 1980) para 1 milhão de tecnologias sociais de Convivência com o Semiárido, sem registro de morte de seres humanos provocada pela fome ou por sede. Rompemos com a lógica de combate à seca e com a famigerada indústria da seca. Não podemos permitir a volta das frentes de serviço, das filas intermináveis, principalmente de mulheres em busca de água, dos saques ao comércio e da migração forçada. Neste contexto, somente a mobilização social pode barrar esta onda de retrocessos e levar o país para a construção de outros caminhos de igualdade, de justiça e do BEM VIVER! Exigimos Diretas Já e uma nova Constituinte para reforma do Estado brasileiro.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vem apoiar e juntar-se às vozes de todas as pessoas, organizações e movimentos populares que historicamente defendem e constroem a Democracia e os direitos sociais das populações, sobretudo aquelas camadas mais empobrecidas, cuja retiradas de direitos já é um fato. Com a aprovação da PEC 55 (PEC do Teto dos Gastos Públicos), que reduz investimento obrigatório do governo federal com a educação e a saúde, que era de 18% da receita líquida dos impostos que pagamos, agora cai para 13% nos próximos anos, e para 10% nos próximos 20 anos. Além de mais pobre, o Brasil está condenado a ficar menos escolarizado e mais doente. Esse é o resultado das reformas do Governo Temer, da elite conservadora, aliados ao grande capital internacional e à grande mídia.
Nesse contexto histórico e desafiador, A ASA chama e convoca todo o povo do SEMIÁRIDO e, em especial, todas as organizações da REDE ASA, Agricultores e Agricultoras, que vivem e atuam nesse Território, para apoiar e participar efetivamente da GREVE GERAL NO DIA 28/04/17 – O BRASIL VAI PARAR!
Está em jogo a Democracia. Está em jogo nosso futuro como cidadãos e cidadãs. Está em jogo o futuro das novas gerações. A vida está ameaçada! Precisamos ocupar praças e ruas, em cada canto do Brasil, desde a comunidade, passando pelas pequenas localidades e cidades até os grandes centros. Nossa tarefa é mostrar a força e a resistência do povo do Semiárido. O dia 28/04 será decisivo para a continuidade das lutas por direitos e pela Democracia brasileira.
Semiárido Brasileiro, 20 de abril de 2017 Articulação Semiárido Brasileiro

domingo, 16 de abril de 2017

Um grave problema avança no Semiárido alagoano

Leandro Rodrigo mostra expansão da desertificação
O Estudo sobre desertificação desenvolvido através de dados de precipitação e vegetação no Semiárido brasileiro mostra que no Semiárido alagoano da área total de 12.579,3km² existem extensas áreas em estágio de degradação ou desertificação, sendo 15,9% está em estágio moderado de desertificação, 10,27% em estágio forte de desertificação e 6,65% em estágio muito forte. Para identificar os níveis de degradação captado nas imagens de satélite a cor vermelha indica muito forte, o amarelo forte e o azul em estágio moderado. A pesquisa vem sendo desenvolvida desde 2007 por pesquisadores do Laboratório de Análise de Processamento de Imagens de Satélite (LAPIS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O avanço da desertificação ocasionado por ações naturais e as que são derivadas da pressão exercida pelas atividades humanas no ecossistema, afeta a agricultura familiar. Segundo o coordenador da Pesquisa professor Humberto Barbosa, “Os impactos da desertificação, sobretudo na agricultura familiar é a migração (abandono das terras) por parte das famílias devido à infertilidade do solo”.
A pesquisa desenvolvida no LAPIS em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (Insa) tem o objetivo de verificar o potencial máximo de vegetação para identificar ou quantificar as áreas degradadas no Semiárido Brasileiro. “Estamos fazendo uma analise por Estado e constatamos uma situação crítica em Alagoas. Agora o que desejamos é identificar dentro dessas áreas onde está a produção da agricultura familiar”, disse Leandro Rodrigo Macedo da Silva, pesquisador do LAPIS.
Para o melhor desenvolvimento da pesquisa sobre desertificação os pesquisadores estão construindo um Sistema de Monitoramento e Alerta para Cobertura Vegetal da Caatinga (Sima Caatinga). Esse sistema visa disponibilizar informações referentes à condição da vegetação e da precipitação no Semiárido brasileiro. “Nos registros constatamos que a cobertura vegetal do Semiárido alagoano está na situação de muito seca, próximo do zero por cento de cobertura vegetal e com ausência de uma vegetação sadia ou seca (solo exposto), isso é um reflexo de déficit hídrico na região”, disse Leandro Rodrigo Macedo da Silva.
Causas da degradação no Semiárido alagoano
O Semiárido alagoano é constituído por 38 municípios com uma extensão territorial de 45,28%, e o processo de desertificação cresce na região. O fator clima contribui para o aumento da desertificação, porém a retirada da caatinga no Semiárido alagoano, o uso incorreto do solo com práticas de degradação, o excesso de pastoreio (gado, caprinos) o uso de agrotóxico, a retirada da mata ciliar e a poluição das águas, essas ações antrópicas, ocorridas ao longo dos anos, tem fortalecido o crescimento do da desertificação, ou seja, para a degradação da terra, de um solo fraco e improdutivo.
Apesar da desertificação ser um problema muito grave, não existe no Estado uma Política de Combate a Desertificação. O Plano Estadual de Combate a Desertificação (PAE) não é executado e o Estado não criou a Lei que institui a Política Estadual de Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Assim, a desertificação fica no anonimato, porém ela vai ganhando espaço com o enfraquecimento do solo.
Combate a Desertificação
Não se combate a desertificação com ações pontuais, por exemplo, no próximo dia 17 de junho, dia mundial de combate à desertificação a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos realizará palestra em alguma cidade do Semiárido, mas precisamos de muito mais. Precisamos de um comprometimento dos políticos e da sociedade para conservação dos recursos naturais. Precisamos de ações contínuas com Programas de recuperação de áreas degradadas, reflorestamento, educação ambiental contextualizada, tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, implantação de sistemas agroflorestais, incentivo a agroecologia, conservação das sementes crioulas, entre outras medidas para mitigação do problema devastador. Precisamos que o tema desertificação seja pautado e executado como um dos primeiros itens na agenda dos governos, principalmente no estado de Alagoas. Elessandra Araújo

terça-feira, 11 de abril de 2017

Povo que resiste

No VII Encontro de Sementes da Resistência da Articulação do Semiárido Alagoano (ASA) ocorrido nos dias 5 e 6 de abril de 2017 na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os trabalhos foram desenvolvidos em uma metodologia participativa onde foi realizado o teste de transgenia, roda de conversa e trabalhos em grupo. No diálogo entre as redes ASA e de Agroecologia de Alagoas, e a comunidade acadêmica foram discutidos as temáticas de tecnologia social, assistência técnica (Ater), saberes popular e acadêmico, sementes da resistência. Esse povo que resiste aos desmantelos de governos e lutam pela biodiversidade, na luta pela vida merece nosso aplauso e apoio. Parabéns a todas as mulheres e homens que participaram do Encontro de Sementes Crioulas. Elessandra Araújo