sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Os bons resultados da chuva

Apicultores da Associação de Maravilha (Apimar) conseguiram na primeira extração de mel 652 kg de mel de qualidade, em apenas 61melgueiras. Existe uma estimativa de que até o final do ano de 2017, eles consigam obter 5000 mil kg de mel. “A florada de plantas rasteiras da caatinga está muito boa devido às chuvas. Também, as colmeias estão em áreas que não se usa agrotóxico. Então, esses fatores garantem um mel puro, alimento mais saudável e maior produção”, disse o apicultor Amilton Bezerra dos Santos.
Ainda, de acordo com Amilton Bezerra esse ano possivelmente os apicultores farão quatro extração de mel. “Acreditamos que a produção de 2017 vai superar a dos anos de 2012 a 2016, e que o número de extração de mel será de quatro, podendo chegar até mais. Se o tempo não estiver chuvoso, de vinte em vinte dias a melgueira pode ser extraída. E estima-se que a produção por melgueira é de onze quilos e trezentas gramas”.
Atualmente são treze apicultores com 28 apiários, que estão associados à agricultura familiar. Eles desenvolvem essa atividade em pequenas áreas, porque as terras que dispõem são poucas. Alguns colocam os apiários em propriedades de amigos. Esse fator contribui para que a quantidade de colmeias e a produção sejam diferenciadas entre os apicultores.
Embora haja diferença na quantidade de comeias por apicultor, no período de extração do mel eles trabalham de forma associada e dividem os trabalhos em equipe. Um grupo vai para as colmeias buscar as melgueiras e o outro fica na casa do mel para fazer o processo de extração. Do total de mel obtido, cada apicultor repassa 10% para o fundo da Apimar. O fundo é para apoiar nas despesas da entidade.
Os sócios da Apimar, que está localizada no Sítio São Luiz, veem a apicultura como uma alternativa para fortalecer a agricultura familiar. Para executar essa atividade de forma associada, eles participam de formação, organizadas também, por entidades que integram a Articulação Semiárida Alagoana (ASA). Os associados se esforçam, desde 2008, para manter e ampliar a atividade de apicultura, mas para conseguir inserir o produto no mercado, na área geográfica do município é necessário o Selo de Inspeção Municipal (S.I.M).
Em Maravilha-AL o Projeto de Lei do SIM foi aprovado na Câmara em 2016, mas é necessário estrutura para implantação, a exemplo de uma equipe de inspeção com médicos veterinários e auxiliares de inspeção capacitados, e essa estrutura ainda não foi constituída. Esse é um dos fatores que dificultam o desenvolvimento da agricultura familiar e impede o fortalecimento da economia local.
Comercialização e PNAE
A chuva trouxe esperança para agricultura familiar e incentivou o cultivo na roça, com hortaliças, a criação dos pequenos animais. No entanto, as agricultoras e os agricultores precisam superar os desafios para produzirem no campo, devido à fragilidade de assistência técnica no Estado, a falta de incentivo agrícola justa, a falta de incentivo e organização da produção do município e a dificuldade de comercialização.
Essa dificuldade se estende também em inserir os produtos da agricultura familiar na merenda escolar através do Programa Nacional de Merenda Escolar (PNAE). “Até agora não existe expectativa de inserir o mel e outros produtos da agricultura familiar de Maravilha na merenda escolar. O município abriu edital no inicio do ano, mas foi geral, onde outras entidades de municípios diferentes poderiam participar. Também, devido à estiagem, não tínhamos a quantidade dos produtos para concorrer ao edital. Por isso, em julho, o secretário de agricultura e técnico realizaram uma reunião com os agricultores no auditório da prefeitura. Eles fizeram um levantamento dos produtos da agricultura familiar. Saímos com a promessa que em agosto fariam uma segunda chamada para merenda escolar, mas até agora não temos nenhuma informação. E temos condições de oferecer mel de qualidade para merenda”, disse o apicultor Amilton Bezerra.
No Artigo 2º paragrafo V da Lei de Lei n° 11.947/2009 – PNAE - determina que são diretrizes da alimentação escolar: “O apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar”.
Enquanto esperam por politicas públicas de direito no âmbito municipal, estadual e federal, que garantam o fortalecimento da agricultura familiar. As agricultoras, agricultores, apicultores trabalham para produzirem alimentos de qualidade e sobreviverem no Semiárido alagoano.
Elessandra Araújo

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