Apesar de a desertificação ser reconhecida mundialmente, e o dia 17 de junho ser celebrado como o dia mundial de combate a desertificação, as ações preventivas para combater a degradação da terra são poucas e temporárias em alguns lugares e inexistente em outros do Semiárido. È fundamental que ações previstas no Plano Estadual de Combate a Desertificação (PAE-AL), concluído em 2012, sejam executadas. Que o poder público em suas três esferas estadual, federal e municipal assumam compromissos de conservar os recursos naturais, combater a pobreza e a desigualdade social. É fundamental que as medicas para conservação do solo não sejam paliativas e que as famílias que vivem no campo tenham assistência técnica e extensão rural (ATER). É necessário que haja apoio a Pesquisa, Ciência e Tecnologia e que as ações para combater a desertificação sejam contínuas e integradas. Uma vez que o resultado de degradação que é mostrado nas imagens de satélite e que conseguimos visualizar, é resultado principalmente da negligência com as políticas públicas de combate a desertificação. ASA e combate a desertificação Em setembro de 2017 a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) ganhou o prêmio internacional Política para o Futuro 2017, onde o Programa de Cisternas foi reconhecido como a segunda maior inciativa do mundo em combate a desertificação, na 13º Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação (UNCCD), em Ordos na China. No entanto, a política que é reconhecida mundialmente não é valorizada em território brasileiro. Em 2018 houve um corte drástico de 95% do recurso para o Programa de Cisternas. O governo diminui a ação mais eficaz que vem contribuindo para o combate da desertificação, a fome e a miséria. Elessandra Araújo
quarta-feira, 20 de junho de 2018
O cenário de devastação
Processo de desertificação em Varzea do Marinho- Ouro Branco
Os solos sem vegetação, exposto a radiação do sol e as ações do vento, intensificam o processo de desertificação que avança em Alagoas. No município de Ouro Branco cerca de 60% de suas áreas estão degradadas e essa devastação é ocasionada por ações naturais e humanas. Com a destruição do solo a produção de alimento diminui e compromete a vida no campo e agrava o êxodo rural.
De acordo com o pesquisador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), da universidade Federal de Alagoas (Ufal), Leandro Rodrigo Macedo da Silva, “as pesquisas desenvolvidas com imagens de satélite mostram a situação da seca que impacta diretamente a vegetação e reflete na capacidade de produção do solo, inferindo num desastre natural mais conhecido como desertificação”.
Ainda segundo Leandro Silva “o processo de desertificação no Semiárido alagoano tem sido recorrente em alguns estágios de moderado, forte e muito forte, por exemplo, Carneiros e Ouro Branco, que apresentam estágio muito forte”. Porém o cenário de destruição está nos demais município do Semiárido.
O Semiárido alagoano é constituído por 38 municípios com uma extensão territorial de 45,28%, e o processo de desertificação cresce na região. O fator clima contribui para o aumento da desertificação, porém a retirada da caatinga no Semiárido alagoano, o uso incorreto do solo com práticas de degradação incluindo o uso do trator para arar a terra, o excesso de pastoreio e manejo inadequado (gado, caprinos), o uso de agrotóxico, a retirada da caatinga, e a poluição das águas, essas ações antrópicas, ocorridas ao longo dos anos tem fortalecido o crescimento da degradação da terra.
Na propriedade do agricultor Apolônio José Barbosa, 80 anos, que vive no Sítio Várzea do Marinho em Ouro Branco-AL, o solo pedregoso e fraco não dá mais produção em quantidade e qualidade, mesmo no período chuvoso.
“Na década de 60 cheguei a plantar 40 tarefas de algodão, plantava feijão e milho e conseguia de um quilo de feijão colher um saco de feijão. Os anos foram passando e continuei plantando, mas a seca e a terra fraca já não dá mais para plantar. E há seis anos não tinha tantas pedras. Quanto mais à gente ara a terra com trator mais aparecem pedras. E na maioria da comunidade não tem quem venha arar com animal, somente com o trator”, disse o agricultor Apolônio.
Desertificação e o PAE
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