terça-feira, 9 de maio de 2017
Escassez de água e negligência com os recursos naturais
A seca faz parte do clima do Semiárido alagoano, e nada podemos fazer para evitar que ela ocorra, no entanto, podemos diminuir os impactos negativos que a seca proporciona na vida dos que moram na região, principalmente a agricultura familiar camponesa. Para isso é fundamental planejamento e políticas públicas com ações contínuas de responsabilidade, pois não são ações emergenciais que contribuem para qualidade de vida do ser humano, para erradicar a pobreza, a fome e conservar os recursos naturais, e sim medidas estruturantes, contínuas com a participação da sociedade, do poder público e privado.
Você pode observar como estão os corpos d água na região, uma vez que uma das situações constrangedoras que afeta o Semiárido alagoano é a escassez da água. Porém, os rios são degradados e usados como se fossem um recurso infinito e sem valor.
No Semiárido, com exceção do rio São Francisco, os rios são temporários e de grande importância no período chuvoso para abastecer a população ribeirinha, para produção de alimento. Porém, a destruição dos corpos d´água cresce e as leis que servem para proteger os recursos naturais não saem do papel, e os planos de bacia hidrográfica quando são elaborados não são colocados em prática, porque falta política pública.
Veja o rio Ipanema afluente do rio São Francisco, agoniza na cidade de Santana do Ipanema-AL, onde se tornou um depósito de esgotos, lixo, com bancos de areia, construção desordenada na margem do rio, crescimento de vegetação, algumas plantas aquáticas são indicativas do alto grau de poluição e contaminação. Nos trechos localizados nos bairros Santa Luzia, São José e no Centro da cidade o leito do Ipanema é aterrado, e esse valioso rio que já proporcionou muitas vidas com a pesca, a irrigação, o abastecimento humano e dessedentação animal, lazer, agora sofre com os diversos impactos negativos.
A fragilidades no saneamento básico da cidade de Santana do Ipanema, a falta de informação e educação ambiental contextualizada para sociedade, e falta de implementação do Plano de Bacia Hidrográfica refletem em ações de degradação do rio. Degradação que implica na contaminação da água do Ipanema, na saúde pública devido aos esgotos com forte cheiro onde crianças e adultos passam, e na vida do rio São Francisco, uma vez que esse rio é afluente do Velho Chico.
Até quando a natureza suportará tanta destruição? Até quando a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Secretaria do Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), o poder público municipal e a sociedade vão continuar indiferentes ao depósito de esgoto e de lixo que foi transformado o rio Ipanema? Quando as ações para revitalização do rio serão postas em prática?
Para se conviver no Semiárido alagoano são necessárias às políticas públicas que respeitem os recursos naturais. Que respeitem a biodiversidade! Sem políticas de convivência continuaremos submissos às medidas emergenciais, que são paliativas, mas que não fortalece a vida e o desenvolvimento socioeconômico sustentável. É importante lembrar que a seca não podemos evitar, mas os rios nós podemos conservar.
Bacia do rio Ipanema
A nascente do rio Ipanema se situa no município de Pesqueira. Seu curso percorre parte dos estados de Pernambuco com aproximadamente 139 km até chegar a Alagoas. Em Alagoas passa em Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, cruza Olivença, Batalha e chega até a sua foz em Belo Monte, desaguando no Rio São Francisco.
Ao longo do percurso e durante décadas, o rio Ipanema sofre inúmeros impactos de degradação. Porém, na lei dos homens nada é feito, e quando é feito são medidas emergenciais, paliativas. Mas na lei da natureza as mudanças climáticas dão respostas, diante da destruição dos recursos naturais local, regional e do Planeta e quem mais sofre com essas respostas é a agricultura familiar camponesa.
Elessandra Araújo
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