quarta-feira, 21 de junho de 2017
Roça comunitária traz esperança para famílias de agricultores
Foi com o propósito de dividir para multiplicar e estocar as sementes crioulas que vinte famílias integrantes do Banco Comunitário de Sementes aproveitaram a chuva na região e fizeram a roça comunitária no Sítio Açude em Maravilha/AL. As agricultoras e agricultores plantaram trinta e cinco quilos de sementes em um hectare de terra. A iniciativa das famílias contou com o apoio da Articulação Semiárido (ASA) por meio de formação e implementação de tecnologia social.
“A ASA orienta a gente a fazer um trabalho comunitário e solidário, essa é uma forma para conseguir viver no Semiárido. Então, nos últimos cinco anos muitos agricultores perderam as sementes no roçado, devido à estiagem. Graças a Deus choveu no final de abril e maio, mas nem todos tinham sementes para plantar, por isso, quem tinha sementes crioulas dividiu para o grupo, e a gente fez a roça comunitária para abastecer o Banco Comunitário”, disse o agricultor Reinaldo Barbosa Lemos.
A atividade comunitária exigiu organização e divisão dos trabalhos “fizemos uma divisão das tarefas, um grupo para arar a terra, outro para o plantio e um terceiro grupo para capinar. Agora a colheita, secagem e armazenamento das sementes serão realizados pelas vinte famílias”, falou Isrraela Rodrigues Alves filha de agricultores do banco de sementes.
Uma das formas de resgatar as sementes passadas de geração para geração e que são adaptadas ao clima e ao solo do Semiárido, conhecidas em Alagoas como sementes crioulas, é através da troca de sementes e experiências entre agricultores e agricultoras, formação e estocagem nos bancos de sementes.
No Sítio Açude as famílias tinham o Banco de Sementes desde 2010, mas a falta de estrutura e de uma sede própria contribuiu para que algumas famílias se afastassem do banco de sementes.
“Já chegamos a armazenar mil quilos de sementes crioulas, mas nos últimos cinco anos nós perdemos uma boa parte das sementes. E isso desanimou muitos agricultores, porque plantava e perdia. Mas, com o Programa de sementes da ASA as coisas melhoraram”, destacou o agricultor Reinaldo Barbosa.
Apoio à casa de sementes
Em 2016 as famílias conquistaram a sede e estrutura para o funcionamento do banco de sementes crioulas, inclusive a garantia da compra de sementes crioulas para as famílias. A conquista veio através do Programa de Manejo da Agrobiodiversidade Sementes do Semiárido (PMAIS) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), executado pela Cooperativa dos Bancos Comunitários de Sementes (Coppabacs).
“As sementes que a gente conseguiu foram plantadas, mas as chuvas foram poucas em 2016 e houve perda. Para alegria da gente teve famílias que conseguiu colher, armazenou e agora dividiu para os demais. Se não fosse o Projeto agora a gente não tinha sementes”, destacou o agricultor.
O agricultor Reinaldo falou com entusiasmo da roça comunitária e disse que aproveitou o período chuvoso para fazer também a roça da família. “Graças a Deus chove na região e isso traz alegria para quem trabalha no campo. Por isso, já plantei de forma consorciada o milho, feijão, abobora e quiabo. Tenho esperança de que vamos conseguir uma boa colheita”, concluiu.
A agricultura familiar precisa de incentivo para produzir e conviver no Semiárido. Precisa de incentivo para conquistar a soberania hídrica, alimentar e nutricional. Precisa de incentivo, assim como o agronegócio que conta com grandes incentivos dos governos federal e estadual.
Elessandra Araújo
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