Umbuzeiro exemplo de convivência com o semiárido |
Quantas perguntas sem resposta para muitos e resposta
engavetadas nas mãos de poucos, mas que detém poder de implementar ações
preventivas de convivência com o semiárido.
O fenômeno
da seca descrito por Graciliano Ramos em Vidas Secas, por Euclides da Cunha em
Os Sertões e apresentada por pesquisadores do IAE e outros, demonstra que esse
fator está presente no semiárido devido às condições edafoclimáticas. Exemplificamos só
algumas: 1582/84 - 1777/80-1877/80 - 1930/33 - 1957/59.
De acordo com o engenheiro Manoel Bonfim não é uma seca inusitada,
mas prevista de longas datas pelos estudos do Instituto de Atividades
Espaciais-(IAE) de São José dos Campos. Esta previsão foi chamada de
“Prognóstico do Tempo a Longo Prazo” Baseia-se em interpolações e pesquisas
cuidadosas fundamentadas no histórico pluviométrico da região nordeste. A cada
26 anos ocorre uma grande seca.
O Professor Dr. Luiz Baldicero Molion da Universidade
Federal de Alagoas (Ufal) em entrevista ao Jornal Correio da Paraíba destacou “o
Nordeste brasileiro é uma região semiárida por natureza. Anos chuvosos são
exceção e não regra. Não há que se combater a aridez como vem sendo tentado há
500 anos. O que deve ser feito é encontrar soluções que se adaptem à região”.
Os problemas decorrentes da
estiagem prolongada têm como fator a ausência e fragilidade de políticas
públicas para convivência com o semiárido. Políticas direcionadas para educação
de qualidade contextualizada e no campo, saúde pública, geração de trabalho e
renda, conservação dos recursos naturais, assistência técnica para agricultura
familiar camponesa, segurança, lazer e soberania alimentar.
Quais as políticas públicas que
foram e estão sendo desenvolvidas de forma interligada e contínua? Quais as
ações que foram planejadas e executadas pelo poder público para o período de
estiagem? Caro pipa? Para quantas famílias? Quantos kg de merenda para os
animais? Quantas famílias não receberam a migalha da merenda? Quantos animais
já morreram e o mandacaru e a macambira que estão sendo dizimadas? Quantas
famílias perdendo noite de sono em busca de um tambor de água de domingo a
domingo?
Quantas famílias que não são
atendidas pelo poder público e padecem sem saber a quem recorrer?!
Precisamos de medidas de curto e
médio prazo e não de medidas paleativas e que não atende de forma eficaz as
famílias do semiárido alagoano.
Por isso, não devemos aceitar que
coloquem a culpa de tanto sofrimento na SECA! O fenômeno faz parte do
semiárido. Vejamos o exemplo de José do Egito Gêneses 41,1-57. Não devemos
focar somente no carro pipa, no canal do sertão! A vida não pára e precisamos
colocar em prática os diversos documentos e estudos que foram elaborados para
convivência do semiárido visando o desenvolvimento sustentável.
As
políticas públicas têm-se revelado ainda insuficientes para a adequada proteção
e conservação dos recursos naturais. As queimadas continuam agravando mais a
degradação do solo e o processo de desertificação. O caminho da extinção do
mandacaru é resultado da falta de ração para os animais. Precisamos de medidas
estruturadoras e educativas para o desenvolvimento da região.
Cdecma