segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Compartilhando o saber
O 4º seminário de Convivência com o Semiárido realizado no Centro Xingó trouxe discussões sobre as mudanças climáticas, a diminuição e degradação dos recursos naturais no país e no planeta Terra, os avanços e retrocessos nas políticas publicas. Nesse contexto foram apresentadas também experiências exitosas de recuperação da caatinga, trabalho de educação ambiental contextualizado, práticas agroecológica, as tecnologias sociais para captação de água de chuva e as ações desenvolvidas pela agricultura familiar para convivência com o Semiárido, entre outras temáticas.
Foram dois dias em que professores, pesquisadores de renome nacional e internacional, representantes da Articulação Semiárido (ASA) e outras entidades não governamentais, agricultores e agricultoras, apicultoras (es), estudantes, técnicos, representantes do poder público, trocaram informações para melhor convivência no Semiárido e em outras regiões, pois o evento contou com a participação de pessoas de diversos Estados e de outros países.
Na abertura do seminário um dos participantes da mesa, professor Cícero Alexandre do Centro de Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) disse que a universidade tem muito a contribuir com os municípios do sertão. Ele destacou três problemas que merecem atenção no Semiárido alagoano: o controle do bicudo nas palmas, a irrigação nas áreas do canal do sertão, que se não tiver acompanhamento técnico pode salinizar o solo, e os poços escavados pelo Estado, que não tem acompanhamento e podem aumentar a salinidade do solo.
“Em relação ao bicudo já temos pesquisas com feromônios para fazer o controle biológico do bicudo. Quanto ao canal do sertão, tem mais de 100km onde está levando a água, e não está sendo usada, porque não existe uma politica de governo para autorização, e o agricultor não tem laboratório para fazer análise do solo. Ao longo do canal tem três tipos de solos, se não for feito a análise para ver o tipo de irrigação adequado, os solos poderão ficar mais salinizados. E em Alagoas só tem três laboratórios em funcionamento”, disse o professor Cícero Alexandre.
Ainda segundo o professor “outro fator é a perfuração de poços em lugares que não tem água, porque não existe uma politica de colocar água no solo. Tem poços que encontra 2 ou 3 mil litros de água por hora e outros poços não tem água. Então perfuram os poços e deixam pra lá. Não existe manutenção e o resíduo é pior que água salobra. Em dois anos o sistema estará comprometido e o solo salinizado”.
O Secretário de agricultura do Estado, Antônio Santiago, disse que não iria se manifestar em relação à escavação dos poços, mas que iria informar ao secretário de Recursos Hídricos. Já em relação ao canal do sertão falou que existe o projeto para iniciar com 200 famílias que moram nos primeiros 60 km do canal, e que existe um estudo para saber as manchas de solos em que irão atuar.
No Seminário realizado nos dias 6 e 7 de dezembro, as pesquisas e os projetos apresentado, mostram que é possível combater a pobreza, erradicar a fome, conservar os recursos naturais e produzir alimentos com sustentabilidade. Porém, são fundamentais as políticas públicas com integração, planejamento e cooperação junto à sociedade.
No entanto, as políticas públicas no Brasil vive o momento de retrocesso com a negação de direitos, e não existe no Estado uma politica estruturante com planejamento de curto, médio e longo prazo para fortalecer a convivência no Semiárido.
O Centro Xingó
Desde o ano de 2014 que o Centro Xingó realiza o Seminário e o Curso de Convivência com o Semiárido. Porém, devido aos cortes nos Projetos e apoio as pesquisa de tecnologias sociais, o Centro vive um dos piores momentos para manter o funcionamento de suas atividades. Nesse ano de 2017 não foi possível realizar o curso por falta de apoio financeiro. Desejamos que em 2018 seja possível realizar o Seminário e o curso.
O poder público nas três esferas de governo e as instituições privadas precisam dá maior atenção e contribuição para o Centro. E a sociedade precisa conhecer e participar mais do Centro Xingó. Um espaço de formação e de experimento com tecnologias sociais, que tem o propósito de contribuir no processo de convivência com o Semiárido.
Elessandra Araújo
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