quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
domingo, 24 de dezembro de 2017
Saúde e Paz
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Consea analisa Segurança alimentar de Alagoas
O panorama da desigualdade social em Alagoas, o aumento da miséria e da fome e suas consequências na educação, saúde e segurança social. Os avanços e retrocessos das políticas públicas foram avaliados por representantes do Consea, professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e convidados, na reunião ampliada do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Segundo um dos palestrantes, professor Haroldo Ferreira “No Brasil, Alagoas ocupa a última posição em qualidade de vida”.
“Alagoas passou dez anos para tirar 800 mil pessoas da extrema pobreza e colocá-los na pobreza. Nesses últimos dois anos, 600 mil pessoas retornaram para extrema pobreza. O Consea é o principal instrumento de articulação para fazer esse debate sobre a segurança alimentar no Estado. E o nosso desafio é como regulamentar a utilização do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza”, disse o ex-superintendente de segurança alimentar e nutricional, Antonino Cardozo.
Foi nesse espaço de reflexão que o professor Cícero Pericles da Ufal falou sobre os indicadores sociais e econômicos de Alagoas e o professor Haroldo Ferreira (Ufal) apresentou os indicadores de insegurança alimentar no Estado. Também representantes da agricultura familiar, de comunidades tradicionais quilombola, matriz africana e indígena relataram o cenário de insegurança alimentar, violência e preconceito em que vivem.
“Alagoas tem fechado os olhos para nossos povos indígenas e criado preconceitos. O Estado desconhece os povos existentes no Agreste, Zona da Mata, Sertão e Baixo São Francisco. Os territórios dos povos do sertão foram invadidos pela cidade e o Estado não reconhece esses povos. Se a reforma agrária fosse feita, existiria espaço para todos os trabalhadores, mas não existi interesse do governo”, disse a índia Eline Juvita de Lima, dos povos Wassu Cocal de Joaquim Gomes.
Além dos debates sobre a segurança e qualidade alimentar, que é responsabilidade do Estado, os participantes realizaram trabalho em grupo sobre o contexto da SAN em Alagoas e qual a agenda proposta para 2018.
As propostas apresentadas na plenária para promover a segurança alimentar em Alagoas foram: Assistência técnica agroecológica, reforma agrária, acesso das famílias as tecnologias sociais para captação de água de chuva, proteção das sementes crioulas, compromisso do governo do Estado com o PNAE e o PAA, alimentação de qualidade nas escolas, criação de Conselhos Municipais de Segurança Alimentar, criação do Plano Estadual de Segurança Alimentar e do Plano Estadual de Combate a Pobreza do (Fecoep), uma secretaria de agricultura que trabalhe em prol da agricultura familiar, entre outras reivindicações.
O resultado das discussões da reunião ampliada, que ocorreu no dia 19 de dezembro, no auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado (Fetag), será encaminhado para o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
De acordo com o Consea a reunião ampliada é uma atividade que precede ao “Encontro da 5º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), e tem o objetivo de realizar o balanço das proposições aprovadas na 4º Conferência Estadual da SAN de Alagoas, realizada em agosto de 2015, e analisar as ações implementadas pela gestão estadual em atenção à promoção a Segurança Alimentar e Nutricional e do Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA)”.
Mas, em relação à análise das ações de SAN no Estado, o Consea deixou registrado que solicitou da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) o panorama das políticas estaduais para segurança alimentar que está sendo realizado em Alagoas, porém o governo não respondeu.
Também, que o governo não está presente no final da plenária para os encaminhamento de quem irá para o Encontro Nacional de SAN em Brasília. Esse fato inviabilizou a escolha dos representantes da sociedade civil para o Encontro, que avaliará as políticas em nível de Brasil implementadas nos dois últimos anos.
Elessandra Araújo
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Uma outra economia é possível
O dia 15 de dezembro é o dia nacional de economia solidária. Uma economia voltada para cooperação, solidariedade, democracia, autogestão, comércio justo, respeito à natureza e o consumo solidário. Para celebrar esse dia, em Alagoas, no período de 14 a 16 de dezembro foi realizado o 1º Seminário Estadual e a Feira de Economia Popular Solidária. As agricultoras e os agricultores familiares e artesãs apresentaram a diversidade de produtos, comidas típicas, artesanatos e cultura. Esses atores sociais mostraram que podem produzir gerar trabalho e renda, mas que é preciso políticas públicas para fortalecer a inclusão social.
Participaram do seminário cerca de 200 pessoas de diferentes municípios do Estado como Atalaia, Coruripe, Marechal Deodoro, Maravilha, Maragogi, Maceió, Monteirópolis, Palmeira dos Índios, São José da Tapera, Mata Grande, Piranhas e outros municípios. No entanto, os representantes do poder público municipal e estadual não participaram.
Foram três dias de troca de saber com seminário e oficinas. “Esses momentos são importante para o fortalecimento dos empreendimentos de economia solidária, principalmente em Maceió. Porque a Secretaria do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária do município junta grupos sem lógica nenhuma de economia solidária, e as pessoas são convidadas para vender, e não para aprender e trocar saberes. Não se trabalha os princípios da economia solidária”, disse a presidente da Federação dos Artesãos do Estado e coordenadora estadual do Fórum de Economia Solidária, Lindinalva Camargos.
Para o membro do Fórum de Economia Solidária, Edimir Francisco da Silva, (popular Neno) “O Estado de Alagoas deveria ter políticas públicas para o desenvolvimento sustentável, e a economia solidária é o eixo central. O Estado é responsável de pensar o desenvolvimento, a partir da lógica da economia solidária. Esse desenvolvimento seja através do fomento, da comercialização, da finança solidária. Mas, em Alagoas não tem uma política de economia solidária. Os projetos de economia que estão não existem uma preocupação com uma solidariedade. O Estado defende os grandes negócios e não os pequenos. Então é preciso fazer luta para que o Estado funcione e as politicas de economia solidária aconteçam. E uma das formas de lutas é a feira para dar visibilidade à economia solidária e realizar formação ”.
Ainda segundo Edimir Silva o Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep), que deveria fomentar a economia solidária no Estado é um fundo político e não cumpre o objetivo para o qual foi criado.
Apesar da falta de política para o combate a pobreza, os grupos produtivos usam a criatividade e revelaram a diversidade e qualidade de alimentos da agroecologia e o artesanato. O evento aconteceu na Praça da Faculdade em Maceió- AL, próximo à feira de agricultores (as) do MST, que também comercializavam a diversidade de produtos agrícola.
O encontro de economia solidária foi organizado pelo Fórum Cáritas de Alagoas, a Cáritas Regional Nordeste 2 com o apoio do Fórum Estadual de Economia Solidária, através do Projeto do Fundo Nacional de Solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Elessandra Araújo
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Compartilhando o saber
O 4º seminário de Convivência com o Semiárido realizado no Centro Xingó trouxe discussões sobre as mudanças climáticas, a diminuição e degradação dos recursos naturais no país e no planeta Terra, os avanços e retrocessos nas políticas publicas. Nesse contexto foram apresentadas também experiências exitosas de recuperação da caatinga, trabalho de educação ambiental contextualizado, práticas agroecológica, as tecnologias sociais para captação de água de chuva e as ações desenvolvidas pela agricultura familiar para convivência com o Semiárido, entre outras temáticas.
Foram dois dias em que professores, pesquisadores de renome nacional e internacional, representantes da Articulação Semiárido (ASA) e outras entidades não governamentais, agricultores e agricultoras, apicultoras (es), estudantes, técnicos, representantes do poder público, trocaram informações para melhor convivência no Semiárido e em outras regiões, pois o evento contou com a participação de pessoas de diversos Estados e de outros países.
Na abertura do seminário um dos participantes da mesa, professor Cícero Alexandre do Centro de Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) disse que a universidade tem muito a contribuir com os municípios do sertão. Ele destacou três problemas que merecem atenção no Semiárido alagoano: o controle do bicudo nas palmas, a irrigação nas áreas do canal do sertão, que se não tiver acompanhamento técnico pode salinizar o solo, e os poços escavados pelo Estado, que não tem acompanhamento e podem aumentar a salinidade do solo.
“Em relação ao bicudo já temos pesquisas com feromônios para fazer o controle biológico do bicudo. Quanto ao canal do sertão, tem mais de 100km onde está levando a água, e não está sendo usada, porque não existe uma politica de governo para autorização, e o agricultor não tem laboratório para fazer análise do solo. Ao longo do canal tem três tipos de solos, se não for feito a análise para ver o tipo de irrigação adequado, os solos poderão ficar mais salinizados. E em Alagoas só tem três laboratórios em funcionamento”, disse o professor Cícero Alexandre.
Ainda segundo o professor “outro fator é a perfuração de poços em lugares que não tem água, porque não existe uma politica de colocar água no solo. Tem poços que encontra 2 ou 3 mil litros de água por hora e outros poços não tem água. Então perfuram os poços e deixam pra lá. Não existe manutenção e o resíduo é pior que água salobra. Em dois anos o sistema estará comprometido e o solo salinizado”.
O Secretário de agricultura do Estado, Antônio Santiago, disse que não iria se manifestar em relação à escavação dos poços, mas que iria informar ao secretário de Recursos Hídricos. Já em relação ao canal do sertão falou que existe o projeto para iniciar com 200 famílias que moram nos primeiros 60 km do canal, e que existe um estudo para saber as manchas de solos em que irão atuar.
No Seminário realizado nos dias 6 e 7 de dezembro, as pesquisas e os projetos apresentado, mostram que é possível combater a pobreza, erradicar a fome, conservar os recursos naturais e produzir alimentos com sustentabilidade. Porém, são fundamentais as políticas públicas com integração, planejamento e cooperação junto à sociedade.
No entanto, as políticas públicas no Brasil vive o momento de retrocesso com a negação de direitos, e não existe no Estado uma politica estruturante com planejamento de curto, médio e longo prazo para fortalecer a convivência no Semiárido.
O Centro Xingó
Desde o ano de 2014 que o Centro Xingó realiza o Seminário e o Curso de Convivência com o Semiárido. Porém, devido aos cortes nos Projetos e apoio as pesquisa de tecnologias sociais, o Centro vive um dos piores momentos para manter o funcionamento de suas atividades. Nesse ano de 2017 não foi possível realizar o curso por falta de apoio financeiro. Desejamos que em 2018 seja possível realizar o Seminário e o curso.
O poder público nas três esferas de governo e as instituições privadas precisam dá maior atenção e contribuição para o Centro. E a sociedade precisa conhecer e participar mais do Centro Xingó. Um espaço de formação e de experimento com tecnologias sociais, que tem o propósito de contribuir no processo de convivência com o Semiárido.
Elessandra Araújo
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
O encontro de fortalecimento da agricultura familiar
O diálogo sobre políticas de convivência ganhou força no Encontro Estadual da Articulação Semiárido (ASA) Alagoas (EneASA). Agora o grande desafio será sensibilizar o poder público a escutar a voz dos participantes do 16º EneASA, para promoverem as políticas que garantam a inclusão social no Semiárido, a conservação da caatinga, o combate a desertificação e a violência contra a mulher, que cresce no estado de Alagoas.
No EneASA houve o diálogo sobre as consequências negativas da diminuição drástica de recursos nos Programa que fortalecem a agricultura familiar, a exemplo, o PAA (Programa de Aquisição de Alimento), o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), os Programas de convivência da ASA e a fragilidade ou ausência da assistência técnica e extensão rural no Estado. Também, foi discutida a contaminação dos alimentos por agrotóxico produzido pelo agronegócio, a degradação do rio São Francisco e o feminismo.
Foram três dias de formação com um olhar para os projetos dos que acreditam que a “seca se combate” e outro olhar para as ações da ASA que promovem a convivência com o clima e o solo da região. Ações que possibilitam a autonomia das famílias, a segurança hídrica, alimentar e a conservação das sementes da resistência, patrimônio vivo dos agricultores e agricultoras familiares.
No contexto da convivência foram apresentadas as experiências exitosas da agroecologia desenvolvidos por agricultores e agricultoras. Nesse espaço de construção do conhecimento e troca de saber, foram socializados os pequenos meios de comunicação produzidos pela ASA e comercializado os produtos de qualidade da agricultura familiar.
Segundo Ângela do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Pescadoras (MMTRP-AL) “o Eneasa para as mulheres trabalhadoras rurais deu uma abertura significativa que faltava na ASA, devido o reconhecimento de trazer temas específicos para a mulher, como a divisão justa do trabalho. As mulheres tiveram oportunidade de discutirem temas transversais específicos para mulheres. Nós mulheres do Semiárido alagoano nos sentimos valorizadas no EneASA com empoderamento de levantar nossa própria bandeira, e defender nossa causa em debates abertos junto aos companheiros, amigos e filhos com apoio e tranquilidade”.
Para Eliana Sales Maciel do MPA “no encontro os palestrantes discutiram assuntos do Semiárido e dialogaram sobre o feminismo. Isso fortalece a mulher para se empoderar mais, e mostrar ao mundo que os direitos são iguais. Direitos que são excluídos dentro da sociedade, onde se fortalece a violência contra a mulher, e em Alagoas a situação é gritante”.
No diálogo sobre a convivência representantes do Laboratório de Análise de Processamento de Imagens de Satélite (LAPIS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) falou sobre a desertificação no Estado, e fizeram uma demonstração de como o veículo aéreo não tripulado (Drone), contribuirá na identificação das áreas degradadas no Semiárido.
“O encontro foi de extrema importância para o compartilhamento de informações e experiências. O homem do campo não tem esse contato com a academia. Então a academia indo ao homem do campo e falar o que tem a oferecer, explicar tudo que ele tem de experiência empírica existe um fundamento acadêmico teórico. Isso é de extrema importância para as pessoas que já tem esse conhecimento natural. É importante que a Ciência contribua de forma mais efetiva na vida do homem camponês. Porque tem muitas coisas que acontecem e às vezes eles ficam procurando explicação. A academia pode ser um ponto de partida para começar a ter esse entendimento do que estar acontecendo”, disse Leandro Rodrigo Macedo da Silva, pesquisador do LAPIS.
O EneASa aconteceu nos dias 30 de novembro a 2 de dezembro de 2017, no Centro Bíblico em Santana do Ipanema-AL, participaram do encontro agricultores, agricultoras, técnicos, professores e pesquisadores, estudantes da UFAL do Campus Sertão e Maceió, da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e Instituto Federal de Alagoas (IFAL) campus Santana do Ipanema-AL, membros da coordenação da ASA, comunicadores e educadores populares. Juntos fizeram encaminhamentos para fortalecer a convivência no Semiárido alagoano.
Elessandra Aaújo
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