segunda-feira, 6 de março de 2017
A negação de direitos aumenta a pobreza no sertão alagoano
Não é a estiagem prolongada que aumenta a pobreza no sertão de Alagoas, e sim a fragilidade de políticas públicas voltadas para educação, saúde, segurança alimentar e hídrica, conservação ambiental, geração de trabalho e renda. Políticas de inclusão social que deveriam ser implementadas nas três esferas de governo Municipal, Estadual e Federal.
A ausência dessas políticas aumenta o sofrimento de agricultoras e agricultores no sertão alagoano, principalmente nesse período de estiagem prolongada. Um exemplo triste é a situação que vive Marcia dos Santos Silva, 44, junto com o esposo Gilberto Silva Santos e os três filhos. Eles residem no Sítio Nogueira em Maravilha-AL.
Sem água para produzir alimento no roçado, a família de agricultores vive do benefício da Bolsa Família e com o apoio do pai de Marcia Silva, que é aposentado. “Aqui se vive da Bolsa Família. Eu tiro R$ 356,00 e meu pai me dá outra ajuda, e assim a gente vive. Com essa seca é difícil conseguir trabalho, até os fazendeiros dizem que não tem dinheiro pra pagar diária. Meu marido quer trabalhar, mas está difícil”, disse a agricultora.
Se não fosse a distribuição de renda com a Bolsa Família, a aposentadoria dos idosos e as cisternas que armazenam a água de beber, o sofrimento de muitas famílias no sertão alagoano seria maior. No entanto, a maioria dos deputados, senadores, o presidente Michel Temer continuam defendendo o direito dos empresários e sacrificando o direito da grande maioria, principalmente com os cortes de Programas Sociais. Eles não sabem o que é viver em situação extrema, viver no limite com uma renda per capita abaixo de R$ 71,20 mensalmente. Assim, como Márcia Silva e mais cerca de quinze famílias que moram no mesmo sítio.
A água e a produção
Em 2016 a família de Marcia Silva plantou 30 kg de feijão e 10 kg de milho e conseguiu colher apenas três sacos de feijão. “Em outros tempos a gente colhia mais feijão, milho e outras coisas que a gente plantasse. Agora, pra comer feijão a gente tem que comprar. Estamos esperando a chuva pra colocar a roça, porque a água que caiu esses dias foi pouca, mas a gente ficou contente porque deu pra molhar a palma, juntar um pouco no caldeirão e no barreiro. Estou usando dessa água pra lavar a roupa, prato, dou de beber pra ovelhas”, disse a agricultora, que além de trabalhar na roça sabe fazer vassoura de palha.
Elessandra Araújo
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